sexta-feira, 27 de abril de 2012

Moro no Acre. Não moro em Minas!


(o que eu gostaria de ter falado ao governador se ele estivesse disposto a ouvir)

         Encontrei, nesta semana, por acaso, num almoço, o governador do meu estado do Acre, Sebastião Viana. Fiquei feliz. Afinal, nunca mais falei com ele depois de eleito.
Vi, naquele momento, a oportunidade de falar, mesmo que de forma informal, e pedir que ele reduzisse o ICMS nas contas de luz dos acreanos. Fiquei triste. Acho que não foi uma boa hora. Para minha surpresa e para a surpresa de todos que estavam sentados à minha mesa, o governador me respondeu, já andando em retirada, exatamente assim: “Porque você não pede para o Aécio baixar o ICMS de Minas??? Lá é o mais alto do Brasil!”.
Não me contive e respondi: “Eu moro no Acre, não moro em Minas”.
De certa forma ele tem razão. Minas Gerais cobra o ICMS mais alto do Brasil. Lá são 30%. Aqui são 25% declarados mas, com o cálculo por dentro, passa para 33,33%. A conta não bate. O Acre acaba ficando com o mais alto mesmo. Nessa competição o Acre ganha.
Em outros pontos, nosso Acre precisa caminhar e muito!
Minas Gerais é o segundo estado mais populoso do país, com quase 20 milhões de habitantes. É o estado que tem 853 municípios, o maior número de municípios do Brasil! O Acre tem apenas 707.125 habitantes distribuídos em 22 municípios.
Minas Gerais é um estado rico! Bem diferente do Acre!
Lá tem produção de cana-de-açúcar, café, soja, milho, abacaxi, cebola, feijão e banana. Na pecuária, tem os melhores desempenhos na bovinocultura de corte, suinocultura, avicultura e produção de leite. E só o município de Mirabela, que tem apenas 13.043 habitantes, é o maior produtor de carne de sol.
Minas Gerais possui o segundo maior parque industrial do país, é o mais industrializado, atrás apenas de São Paulo. É o segundo estado do Brasil em exportações. Lá o povo trabalha com mineração, metalurgia, automobilismo, alimentação, indústria têxtil, construção civil, produtos químicos e minerais não metálicos, eletrônica e telecomunicações.
Não vou comparar Minas com o Acre com relação ao custo de vida, qualidade de vida ou renda per capita porque seria covardia. Não vou falar da vida noturna, dos estádios, dos times de futebol, nem das artes, da cultura, do cinema, do artesanato, da música, das rodovias e ferrovias que cortam o estado de Minas.
Lá o valor do kwh, mesmo com ICMS de 30%, ainda é menor que no Acre. Lá custa 0.525499 e no Acre custa 0,574451. Eu moro no Acre e é por um Acre produtivo e desenvolvido que devemos lutar.
Vou parar por aqui e pedir desculpas públicas ao governador Sebastião Viana por tê-lo importunado com um assunto do qual ele não quer falar (e eu devo ser muita chata mesmo com esse assunto de energia!), mas o abordei até porque seu irmão, ex-governador e atual senador, Jorge Viana, falou sobre isso no senado, semana passada, demonstrando enorme preocupação com o custo da energia no nosso estado.
Só mais uma coisinha: O nome do atual governador de Minas Gerais não é Aécio, é Antônio Anastasia.

Eliane Sinhasique 



domingo, 8 de abril de 2012

Nova carta aberta à Presidente Dilma Rousseff



Rio Branco, Acre, domingo de Páscoa, 08 de abril de 2012.

Querida Presidente Dilma,

Em primeiro lugar quero te desejar uma Feliz Páscoa!

Estou te escrevendo novamente na tentativa de que a senhora tome conhecimento do conteúdo dessa carta uma vez que, acredito, a carta anterior, escrita em abril de 2011, a senhora não tenha lido.

Naquela ocasião eu pedia para que a senhora interferisse no preço da gasolina que é vendida para os brasileiros. A Petrobrás me respondeu mas, claro, tentou me convencer que o preço do combustível tem que ser alto mesmo e que as regras do mercado são desse jeito mesmo e que, a pensar de o petróleo “ser nosso”, a coisa vai ficar desse preço mesmo.

Dessa vez te escrevo pedindo para que a senhora acelere a Reforma Tributária.

Vi sua entrevista na revista Veja onde a senhora diz: “Os empresários reclamaram que os impostos cobrados no Brasil inviabilizam as melhores iniciativas e impedem que eles possam competir em igualdade de condições no mundo. Eu Concordo. Temos que baixar nossa carga tributária. E vamos baixá-la. Temos de aumentar nossa taxa de investimento real para pelo menos 24%”. Foram suas palavras.

Concordo também com a senhora, só que a senhora não disse de que forma irá baixar a carga tributária.

Nessas mal traçadas linhas quero te dizer que não são só os empresários que sofrem com a carga tributária. Os trabalhadores, presidente, sofrem muito e estão, vendo ao longo dos anos, essa carga tributária corroer seus salários.

Só para a senhora ter uma ideia, fizemos um levantamento do quanto o valor do kWh aumentou na última década e a senhora também irá se surpreender. O preço da energia elétrica para o consumidor final aqui no meu estado (o Acre) aumentou em mais de 170% em 10 anos!

Não podemos continuar crescendo sem energia elétrica e não podemos arcar com um custo tão alto num insumo que é essencial para o desenvolvimento socioeconômico de uma nação.

Os brasileiros estão sendo estimulados a comprarem com redução de IPI, máquinas de lavar, geladeiras e microondas e estão se frustrando porque não conseguem utilizar esses equipamentos porque a energia é muito alta.

As geradoras e distribuidoras de energia nos querem fazer acreditar que o valor do kWh tem que ser alto mesmo porque elas precisam de dinheiro para aumentar suas capacidades para atender a demanda que a cada dia aumenta. O Brasil está crescendo e precisando cada vez mais de energia.

Infelizmente, presidente, isso não é de todo verdade.

Vejo, estarrecida, no site da Eletrobras, gastos mensais milionários com publicidade. Só em dezembro de 2011 foram mais de 8 milhões de reais! Para quê tanta propaganda se essa empresa é um monopólio??? Patrocínio de 14 milhões de reais anuais para o Vasco da Gama ter em suas camisas o nome da empresa??? Nada contra o Vasco mas, vamos combinar, é muita grana que poderia estar sendo investida na melhoria do sistema que aqui no Acre, pelo menos, é uma porcaria! Falta luz frequentemente, a energia fica oscilando e queimando os equipamentos dos consumidores, determinadas regiões ficam mais de cinco, seis horas sem fornecimento de luz e a empresa dificulta o atendimento aos consumidores!

Só a senhora vindo aqui para ver a esculhambação que é o fornecimento de energia!

No meu estado, presidente, nós consumíamos energia gerada a óleo diesel e nos fizeram acreditar que com a chegada do linhão, que nos traria através do sistema interligado energia gerada por hidrelétrica, uma luz com preço mais barato. Não foi isso que aconteceu! Nos ferramos!

Hoje nos deparamos com custos de energia, transmissão, distribuição, encargos setoriais, ICMS, PIS e Cofins e com um agravante: ICMS compondo a própria base de cálculo o que eleva em mais 8% o valor da conta do consumidor.

Tudo isso, dizem, está dentro da lei, da legalidade. Mas convenhamos presidente, isso é uma imoralidade!

Nos últimos 10 anos tivemos uma inflação de 63,01%. A gasolina teve aumento de 45,07% e a nossa energia aumentou em mais de 170%. É só comparar o valor do kWh de 2001 com o valor de 2012. Isso é um crime contra a ordem econômica!

Nenhum trabalhador brasileiro teve um aumento sequer parecido com o aumento do valor do kWh no Brasil!

Aqui no meu estado temos um Movimento Popular Menos Impostos, Mais Energia que está lutando para que o governador Sebastião Viana, reduza as alíquotas de ICMS. Ele dá calado como resposta à essa reivindicação mesmo sabendo que os trabalhadores padecem, que os microempresários padecem, que o comércio padece com as altas contas de energia.

O que antes não tirava o sono das pessoas hoje é motivo de demissão nas empresas. Elas não podem repassar para os consumidores os custos com a energia porque vai encarecer demais seus produtos afastando ainda mais a combalida clientela.

Dizem por aqui, presidente, que só será possível uma redução nos impostos da luz se houver uma reforma tributária de nível nacional. Se só dessa forma vai ser possível ter energia com preço justo, então é isso que eu venho lhe pedir: acelere a Reforma Tributária! Peça para os governadores abrirem mão de parte de suas arrecadações com o ICMS para o bem do povo brasileiro!

Minha presidente, há 10 anos minha conta era de R$ 183,41 consumindo 845kwh. Hoje eu consumo 593 kwh e o valor da minha conta é de R$ 357,95. Uma redução de consumo de 42% e um aumento no preço de 95%. Assim não dá! Os acreanos estão parecendo cachorros correndo atrás do rabo. Quanto mais economizamos no consumo de energia mais nossa conta fica salgada!

Grata pela atenção

Eliane Sinhasique

jornalista, radialista e publicitária.

sinhasique13@gmail.com