quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

BRASIL - PERU UMA VIAGEM/AVENTURA PERIGOSA

Na intenção de apenas desfrutar alguns dias de sossego e tranquilidade, após um ano inteiro de muito trabalho, a vereadora Eliane Sinhasique na companhia de alguns amigos resolveu passar a entrada de Ano Novo na cidade de Cusco, no Peru.
Mal sabiam, Eliane e seus amigos, que esse sonho, se transformaria em um pesadelo. Em dois veículos, os nove amigos se deslocaram de Rio Branco(BR) até Cusco(PE). A saída foi no dia 29 de dezembro de 2013, um domingo, por volta das seis horas da manhã. 

O sentimento era de contentamento e alegria, entre o grupo, como pôde ser notado nas fotos tiradas na partida.

Mesmo estando em pleno inverno amazônico, com chuvas frequentes, ninguém, que viajava pela primeira vez ao Peru, poderia imaginar o drama pelo qual passariam junto com outros brasileiros que também estavam por lá.

A estrada até a fronteira do Brasil com o Peru não é boa mas, a viagem foi tranquila. Já em solo peruano, a Carretera Interoceânica é privatizada e tem vários pontos de pedágio, o que assegura o bom estado da rodovia.

Acontece que, em 7 dias, o Peru sofreu nada mais, nada menos do que 211 pequenos tremores de terra, o maior deles com 4,6 graus na escala Richtter, com epicentro em Cusco a uma profundidade de 32 quilômetros. Esse evento associado às chuvas, pode ter afetado as estruturas do solo da região por onde passa a Carretera, vindo a ocasionar muitos pontos de desmoronamento das montanhas e de várias partes da própria rodovia, aprisionando nossos turistas e bloqueando a passagem de volta ao Brasil.

As festas de final de ano na casa de amigos no país vizinho foram uma maravilha. No Peru o Ano Novo é celebrado e recebido com muitos festejos, comida e bebida. Depois das festas, o grupo começou a se preparar para voltar para casa.

Dia 2 de janeiro, saíram cedo e após percorrerem cerca de 100 km, encontraram um carro brasileiro que estava voltando. O motorista informou que não deveriam seguir em frente, pois, nos próximos quilômetros a rodovia tinha sido afetada por desmoronamentos, rochas tinham descido junto com terra das montanhas e levaram cerca de 400 metros da estrada para o precipício, impedindo a passagem em direção ao Brasil.

Começava aí o pesadelo por que passaram os brasileiros no país andino. O percurso teria que ser feito por uma rota alternativa que os levaria até a cidade de Juliaca, Macuzani e San Gaban, de onde se deslocariam até Mazuco e Puerto Maldonado seguindo então para o Brasil. Entretanto, no caminho entre San Gaban e Mazuco haviam diversos desmoronamentos, em cerca de 75 km de estrada. Este percurso foi percorrido em 16 horas de viagem. Muita lama, misturada com pedras havia descido das encostas das montanhas e se acumulado em cima da rodovia, bloqueando totalmente a passagem. Nesta empreitada, nossos turistas tiveram que “fazer seu próprio caminho” e, num mutirão entre os viajantes, fazer a limpeza dos desmoronamentos com as próprias mãos, pois, não tinham ferramentas.

A empresa que faz a manutenção da Carretera Interoceânica procurava fazer a retirada dos entulhos montanhosos mas, à todo momento, mais pontos de desmoronamento apareciam, dificultando a circulação pela via. Foram quilômetros e mais quilômetros percorridos à passos de tartaruga, enfrentando adversidades.

Horas de terror, medo e apreensão passou o grupo de acreanos que enfrentou essas adversidades no que deveria ser apenas um “passeio de final de semana”. Chuva, escuridão, incerteza e desconhecimento da região davam ao ambiente aspecto de filme de terror.

Quem está acostumado a viajar pela planície amazônica não tem noção do que seja enfrentar uma estrada pelos Andes Peruanos, onde cada curva, cada subida ou descida esconde perigos e armadilhas. Há locais onde só passa um carro de cada vez e placas aconselham a usar a buzina, para alertar os outros motoristas.

Nossos viajantes tiveram que dormir na estrada, dentro dos veículos, enfrentando o calor, pois, não podiam abrir as janelas por causa da chuva e até o medo de aparecer algum animal silvestre, cobras ou aranhas. A solidão da estrada acentuada pela escuridão e a incerteza, traziam temor aos participantes da aventura. Nas pequenas cidades ao longo da estrada, por onde passavam enfrentaram dificuldades como a falta de comunicação o que causava apreensão para os viajantes e seus familiares aqui no Brasil.

Construíram rampas, removeram pedras e barro, passaram em locais onde só cabia a roda do veículo, a um palmo da beira do abismo, com montanhas rochosas ameaçando desabar em cima de suas cabeças. A viagem aumentou seu percurso em cerca de 800km. Nas pequenas cidades peruanas os comerciantes não aceitavam o dinheiro brasileiro. O local onde eles tiveram todos esses problemas é conhecido como “a estrada da morte”, famosa no mundo inteiro pelas suas curvas e precipícios e já vitimou inúmeras pessoas. Graças à Deus, entre nossos turistas, não houve nenhum dano físico, só material.

A paisagem é maravilhosa, porém, há muitos perigos em estradas deste tipo, principalmente para marinheiros de primeira viagem.

Felizmente, ao amanhecer do sábado, 4 de janeiro, os viajantes conseguiram ultrapassar a última barreira, passando por cima de paus e pedras, furando tanque de combustível e vencendo outras dificuldades. Chegaram então à Mazuco, onde o terreno é plano e longe das montanhas. Pegaram a estrada em direção ao Brasil, aliviados apesar do cansaço, e chegaram em casa às 7 e meia da noite.