domingo, 11 de dezembro de 2011

O Psicopata

Primeiro ele chega como quem não quer nada. É simpático.

Parece uma pessoa inofensiva. Depois ele vai se aproximando como se fizesse parte do seu convívio cotidiano. Age como se fosse seu amigo há anos.

Na seqüência começa a ser invasivo, liga pro seu telefone de madrugada, atrapalha seu sono e começa a dizer que não pára de pensar em você. Diante de uma bronca, se comporta como uma vítima, mais um ouvinte que te adora e que só quer ser seu amigo e que você é uma pessoa grossa por ter dado um “chega pra lá”.

Foi dessa forma que um psicopata se aproximou de mim.

Entrou na Rádio Gazeta FM 93,3 como qualquer um outro ouvinte que vai conhecer o estúdio e os locutores. Coisa que acontece todos os dias. Depois começou a “dar uma passada”, só pra dar um oi. Depois começou a atrapalhar meu trabalho com tanta insistência para ficar conversando enquanto eu estava no ar, trabalhando, e ele querendo saber das novidades.

Pegou meu número de telefone celular com a minha secretária. Meu número não é nenhum mistério. Vários ouvintes o tem e são eles as minhas fontes de informações pelos bairros de Rio Branco.

Só que o psicopata pensou que poderia ser “algo mais” para mim. Foi aí que eu senti que não estava lidando com um ser humano normal. Tenho os recados gravados na minha secretária eletrônica que comprovam “as intenções” do rapaz (gravações que já estão com a polícia). O cara fala abertamente que quer me tocar, (pasmem!) quer ter uma filha comigo. É um assédio sexual nojento, asqueroso e descabido.

O termo “psicopata” é popular, embora na maioria das vezes seja usado para denominar um assassino inescrupuloso. Não é. Eles são capazes de atormentar as pessoas e se saírem de vítimas. Normalmente usam o nome de outras pessoas para se beneficiarem ou se safarem dos delitos que cometem.

A psicopatia, descrita pela primeira vez em 1941 pelo psiquiatra americano Hervey Cleckley, do Medical College da Geórgia, consiste num conjunto de comportamentos e traços de personalidade específicos. Encantadoras à primeira vista, essas pessoas geralmente causam boa impressão e são tidas como “normais” pelos que as conhecem superficialmente.

No entanto, costumam ser egocêntricas, desonestas e indignas de confiança. Freqüentemente adotam comportamentos irresponsáveis e adoram se divertir com o sofrimento alheio. Os psicopatas não sentem culpa. Sempre têm desculpas para seus mal feitos e em geral culpam outras pessoas. Raramente aprendem com seus erros ou conseguem frear seus impulsos.

É aí aonde mora o perigo: frear os impulsos! Psicopatas podem não ter limites!

Eu já tomei as providências policiais necessárias. Sei agora que se trata de um ex-presidiário, usuário de drogas com várias passagens pela polícia.

Infelizmente não posso processá-lo por crime de assédio sexual porque ele não é meu patrão e esse crime só é reconhecido quando há algum vínculo empregatício envolvendo as partes.

Confio na polícia. Mas não confio nas penalidades da lei que, na maioria dos casos, são brandas.

Também não confio em psicopatas.

Espero sinceramente que todas as medidas tomadas sejam suficientes para frear essa criatura dissimulada e invasiva. Caso contrário, remédio de doido é doido e meio.

Eliane Sinhasique é jornalista, radialista e publicitária

esinhasique@gmail.com