segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Cordão Umbilical

Enquanto meus filhos estavam no processo de formação, dentro de mim, eles dependiam totalmente do meu corpo para se desenvolverem. Suas necessidades eram supridas pelo meu corpo materno que os abrigava e nutria.
Quando eles nasceram pensei que tínhamos cortado o elo no exato momento do corte do cordão umbilical.
Que nada!
Esse elo existe, apesar de não ser palpável, e é forte como aço.
E como é difícil cortar “esse cordão umbilical” mesmo quando eles estão na parte externa do mundo!
Apesar de saber que toda mãe deve criar seus filhos para o mundo, quando chega a hora de dizer vá com Deus, uma dor enorme comprime meu peito.
Como deixar que meus amores saiam para o mundo para viver suas próprias vidas e experiências sem sentir que algo dentro de mim esteja sendo rasgado?
Apesar de ser moderninha, avançada, uma mulher de vanguarda cá está em prantos porque o filho irá ficar um mês longe, lá no hemisfério Norte.
Hoje eu não sei quem é mais dependente do outro. Mentira. Na realidade sei sim. Eu sou mais dependente deles, do que eles de mim.
Sou uma mãe que dependo de seus sorrisos, de suas gracinhas, de seus choros, de suas brincadeiras, de suas descobertas. Sou depende de suas presenças, dos seus braços e abraços e beijos e mimos.
Hoje vivo, sonho, trabalho, realizo, faço e aconteço, porque tenho dois belos motivos: meus filhos. Trabalhei e trabalho muito para dar à eles oportunidades que eu nunca tive.
Sabendo da paixão do meu filho João Romário pela língua inglesa, juntei dinheiro e pago em prestações um intercâmbio para que ele se aprimore e possa falar fluentemente outra língua e agora na véspera de sua viagem programada, planejada, organizada me bateu uma vontade enorme de dizer: fica.
Sei que jamais poderia dizer uma sandice dessas (engole o choro Eliane!).
Uma pessoa só pode ser considerada completa quando corta totalmente seu cordão umbilical. É preciso andar com as próprias pernas, sentir com o próprio coração, pensar com a própria cabeça e assumir as suas responsabilidades. É bom ter o acompanhamento dos pais, mas os erros e os resultados das decisões devem ser assumidos integralmente em condições cada vez maiores conforme se cresce e evoluí.
Quer saber?
Vá com Deus meu João! Que o Pai do Céu te guie e o proteja de todo o mal! Não se preocupe comigo, eu sobreviverei à sua ausência e estarei te esperando sempre de braços abertos e com o meu amor incondicional.

Eliane Sinhasique e jornalista, radialista e publicitária
esinhasique@gmail.com