terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Sem teto, sem dignidade


Artigo de minha autoria, publicado no Jornal A Gazeta, na edição de sexta-feira (22):

Sem teto, sem dignidade

“Não se combate invasões com polícia. (...) Combate-se invasão com políticas públicas habitacionais eficientes”.

Eliane Sinhasique

Atualmente temos três pontos de invasão na cidade de Rio Branco: No Panorama, na estrada do Aeroporto e na Vila Acre. Assim como os resultados das eleições dão recados para os governantes, para os políticos, as invasões também são um recado. Um recado claro.
Estão invadindo porque precisam sair do fundo do quintal dos parentes, precisam sair de dentro da casa dos pais. Estão invadindo porque casaram e quem casa quer casa. Estão invadindo porque não aguentam mais pagar aluguel. Estão invadindo porque moram em locais inapropriados.
Essas invasões são indicativos reais de que a prefeitura de Rio Branco e o governo do Estado, nos últimos anos, não captaram a mensagem do povo. A política habitacional do município de Rio Branco está defasada, ultrapassada e não atende às necessidades habitacionais da população.
A quantidade de pessoas que nos procuram com a inscrição da casa própria nas mãos, com os papéis de que foram sorteadas, reclamando que ainda não receberam suas casas é enorme! E a outra quantidade que recebeu as casas construídas em locais inadequados como Cabreúva, Carandá, Rosa Linda I, II e III e as casas estão rachando e afundando???
Quando eu digo que a prefeitura e o governo do Estado não está entendendo o que o povo está dizendo, com essas invasões, é porque ainda está insistindo, ao longo dos anos, em construir as casas para e entregar prontas (mesmo que em locais inapropriados e problemáticos). E o povo está dizendo: “Eu só quero um terreno! Eu só quero um espaço. Eu me viro! Eu vou dar o meu jeito de construir a minha casa, de acordo com as minhas possibilidades e de acordo com as minhas necessidades”.
A prefeitura acabou de doar 150 lotes para que a Caixa Econômica (com restrições da minha parte na Câmara Municipal) enquanto as pessoas estão buscando um lugar para construir suas moradias.
É bem verdade que existe uma meia dúzia de exploradores e especuladores imobiliários envolvidos nesse meio, mas são fáceis de ser identificados e afastados.
Não se combate invasões com polícia. Não se combate invasão com repressão! Combate-se invasão com políticas públicas habitacionais eficientes! Vejam o exemplo do Tancredo Neves. Lá foram entregues os lotes e as pessoas construíram suas casas de acordo com o tamanho de suas famílias, em terrenos dignos e local apropriado para construção.
O povo é inteligente! O povo busca suas melhoras com ou sem o poder público! Ele dá um jeito de arranjar a madeira, de comprar os tijolos. O povo só precisa do espaço, do terreno, e o poder público poderia resolver o problema das habitações, de uma maneira muito mais rápida e prática, gastando muito menos e em menos tempo, desapropriando terras e entregando os lotes urbanizados.

Eliane Sinhasique é jornalista, radialista, publicitária e vereadora pelo PMDB
esinhasique@gmail.com